domingo, 31 de julho de 2022

JOAQUIM MANOEL TEIXEIRA DE MOURA

 


Coronel Joaquim Manoel Teixeira de Moura (1898 a 1909) foi um dos intendentes de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, que mais tempo ocupou o cargo. Comerciante e proprietário de terras, sob sua administração Natal vivenciou grandes transformações e necessidade de ordenamento urbano.

 (3°) Prefeito

Joaquim Manoel Teixeira de Moura

Mandato

1 de março de 1898 a 31 de agosto de 1909

Vice-prefeito

Nenhum

Partido

Partido Republicano Potiguar

Eleição

Não houve

Intendente nomeado pelo governador do Estado, Joaquim Ferreira Chaves.

Natural

Macaíba/RN

Escolaridade

Curso do Atheneu

Ocupação

Professor de História do Atheneu

Origem socioeconômica

Pai: senhor de engenho e ex-presidente do RN

No ano de 1900, o coronel Joaquim Manoel, o “Quincas Moura”, assume a presidência do Conselho, mantendo-se nele até o ano de 1913. Para não perder a “tradição”, o coronel Joaquim Manoel também tinha fortes laços com a família Albuquerque Maranhão: suas duas filhas chegaram a casar-se com o bacharel Ernesto Maranhão, filho de Pedro Velho; ele mesmo, o coronel “Quincas” Moura, contraiu segundas núpcias com Terceira Lyra, irmã de Tavares de Lyra, o qual era, por sua vez, genro do já tantas vezes referido chefe do PRF no Rio Grande do Norte.

O Diario do Natal, não poucas vezes, refere-se ao coronel Joaquim Manoel, homem que por mais tempo esteve à frente da Intendência, como um “bom discípulo”, um fiel aliado de Pedro Velho, que governava, segundo o mesmo jornal, a seu talante a Intendência e o Governo do Estado (Ver, por exemplo, o DIARIO DO NATAL, Natal, 08 jan. 1905. A matéria desta edição que se refere ao cel. Joaquim Manoel é apresentada no capítulo II deste livro.).

É claro, porém, que aquele que aceitava ocupar o cargo de intendente enxergava além das dificuldades inerentes ao cargo. Ser intendente na capital significava estar no centro de poder, em contato com aqueles que comandavam os destinos do Rio Grande do Norte. O reconhecimento pelo bom trabalho na Intendência, com a devida obediência aos que governavam o estado, podia render um cargo de deputado no Congresso estadual, como aconteceu com o coronel Joaquim Manoel, que, além de ter sido um dos candidatos mais votados para o cargo em 1913, foi designado para compor a comissão de verificação de poderes da casa.

Aqui, imaginávamos, um claro recorte poderia ser feito. Era coisa simples: a gestão da cidade se dividia em dois claros momentos. No primeiro deles, a cidade havia sido governada por majores e coronéis da Guarda Nacional; tínhamos a Natal do tempo dos coronéis, sendo emblemática, nesta perspectiva, a figura do coronel Joaquim Manoel.

Há, é claro, além do perfil de grande comerciante e proprietário local, outros fatores que levaram o coronel Joaquim Manoel a presidir cinco Conselhos de Intendência da capital potiguar. Podemos dizer, sem receio, que o coronel Quincas era um homem muito bem relacionado na sociedade potiguar do início do século XX.

As fontes nos mostram que o coronel Joaquim Manoel T. de Moura foi importante comerciante local, tendo participado da Associação Comercial do Rio Grande do Norte (outros nomes aparecerão ligados a ela) e feito parte da Comissão de Arbitramentos e contas da dita Associação, no ano de 1906120. Não sabemos ao certo de que ramo de comércio o coronel Joaquim Manoel fazia parte. Possivelmente negociava os produtos feitos em sua Fazenda Santo Estevam, que vemos referida em duas notas de jornal (A REPUBLICA, Natal, 14 maio 1909; 18 maio 1909.). Não sabemos onde, exatamente, ficava a tal fazenda, nem que produtos ali eram produzidos, mas uma rica crônica publicada n’A Republica (vamos aqui sempre ligando pontos, em busca de uma imagem melhor definida) pode nos trazer alguma luz sobre essas questões.

Um outro grande investimento que realizou foi no nascente bairro de Cidade Nova. Como vemos em carta de aforamento do ano de 1904, o coronel Joaquim Manoel adquiriu da Intendência que administrava um terreno cuja superfície media 58.265 m², com foros anuais pelo irrisório valor de oito mil réis. A gigantesca proporção da propriedade, onde deve ter se instalado a Villa Moura, nos surpreende até nos depararmos com outros terrenos de proporções também descomunais. Em 1913, o ainda presidente da Intendência transfere o terreno ao coronel Joaquim José Valentim de Almeida, outro personagem que pertenceu à Intendência, pelo valor de 6:000$000 (seis contos de réis) (NATAL. Prefeitura Municipal do Natal. Carta de aforamento nº 271, de 30 de janeiro de 1904. Natal: s.d. Curiosamente, o limite leste da propriedade do coronel Joaquim Manoel era a avenida que recebia seu nome.).

No início do ano de 1904, um outro cidadão não identificado reclamará do serviço de iluminação pública, fazendo apelo ao coronel Joaquim Manoel.

Uma comissão (a Comissão Central de Socorros Públicos) foi formada pelo Governo do Estado para a organização dos trabalhos dos flagelados, contando com os nomes de Francisco Cascudo e do então presidente da Intendência, o “eterno” coronel Joaquim Manoel Teixeira de Moura, filando aquele responsável pelo alistamento dos homens e este, pelo das mulheres. O coronel “Quincas” Moura, como era chamado pelo seu amigo Manoel Dantas, recebeu entre os meses de maio e junho de 1904, pelas nossas rápidas contas, a considerável quantia de 1:126$000 (um conto, cento e vinte e seis mil réis)297, para ajuda aos flagelados.

Em 1905, em um rico relatório, o coronel Joaquim Manoel Teixeira de Moura trata, entre outros pontos, do paço municipal. As palavras são de lamentação e revelam a precariedade do funcionamento da Intendência e de sua situação financeira. Relata o intendente que “Sem edificio proprio para o funccionamento de suas sessões e outras necessidades administrativas, a Intendencia desta Capital tem peregrinado por varios predios, com detrimento da bôa ordem e regularidade do serviço publico (A REPUBLICA, Natal, 14 jan. 1905). Joaquim Manoel revela-se, contudo, otimista em relação à aquisição de um novo prédio para o governo municipal, afirmando que o malogro da primeira tentativa não deveria causar desânimo nos intendentes.

O coronel Joaquim Manoel, em relatório de 1905, apontou a falta de normas rígidas para a edificação era um dos principais problemas que atingia a cidade, especialmente do ponto de vista estético, tornando-a uma “massa informe de uma casaria”, à espera de regras que lhe dessem um sentido, contornos mais nítidos.

No ano de 1906, os intendentes aprovam uma nova resolução, de nº 103, autorizando o presidente a despender uma quantia de até quinze contos de réis para adquirir um edifício em condições de abrigar as atividades da Intendência. Ao que vemos das resoluções seguintes, a verba deve ter sido insuficiente ou, o que é mais provável, nunca saiu do papel.

O coronel Joaquim Manoel era, provavelmente, de Macaíba, onde devia ter também seus negócios.

Caminhando no tempo, chegamos, finalmente, ao último ano da gestão do coronel Joaquim Manoel Teixeira de Moura. Uma matéria de março de 1913 anuncia que o coronel não deveria ser candidato ao posto de Intendente do município de Natal, o que de fato se confirma no segundo semestre daquele ano173. Seria um reflexo do momento mais conturbado da política local, o qual acabaria por gerar o enfraquecimento da Oligarquia Albuquerque Maranhão e a ascensão da Oligarquia do Seridó? Não. O coronel Joaquim Manoel não sentirá essa mudança. Sai da presidência do Conselho de Intendência para ocupar uma vaga no Congresso Legislativo do Estado. Chegará a chefiar uma das comissões de verificação de poderes nessa instituição, em fins de outubro de 1913 (Ver A REPUBLICA, Natal, 16 out. 1913; 23 out. 1913.).

O coronel Joaquim Manoel Teixeira de Moura também terá a honra de dar nome a um importante logradouro da cidade. Na verdade, talvez seja melhor dizer que o coronel Quincas se dará tal honra: em 1905 será denominada Praça Joaquim Manoel o largo localizado no cruzamento das ruas Coronel Juvino e Felipe Camarão, no bairro da Ribeira.

No relatório de 1905, o coronel Joaquim Manoel mostra, de início, contentamento com os rumos que a cidade que administrava vinha tomando. Não que uma quadra de renascimento tivesse atingido a urbe natalense. Era o que apontava o presidente da Intendência em sua primeira frase, mostrando consciência dos limites do desenvolvimento da cidade. Mas algo, mesmo diante de parcos recursos, vinha sendo feito, e a cidade, “até bem pouco equiparavel a um obscuro e mesquinho logarejo, onde imperasse o arbitrio e a anarchia nas normas mais elementares da edificação”, começava a construir uma “era nova de prosperidade e conforto” da qual faziam parte particulares e poderes públicos, persuadidos de que o atraso rotineiro em que vivia a cidade abalava os seus créditos de capital, de “Cidade metropole” do Estado (GOVERNO Municipal − RELATORIO Apresentado a Intendencia eleita para o triennio de 1905 a 1907 por occasião de sua posse em 1 de Janeiro de 1905. A REPUBLICA, Natal, 13 jan. 1905.).

Já para a primeira corrida do ano de 1909, realizada na pista do citado Club, foram “convocados” o coronel Joaquim Manoel e Fabricio Maranhão para porem seus cavalos no páreo, entre outros. Participaram, ainda, da organização desse primeiro evento em homenagem a Segundo Wanderley o senador Ferreira Chaves, os coronéis Francisco Cascudo e Olympio Tavares e o Dr. Manoel Dantas (A REPUBLICA, Natal, 06 fev. 1909.).

Um dos filhos do coronel, Arnaldo Moura, foi mais um dos que saíram de Natal em direção a Recife, tornando-se bacharel em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito dessa cidade, no ano de 1913. O pai, em comemoração ao fato, realizou na Vila Moura, em Petrópolis, um jantar íntimo, convidando prestigiados nomes da sociedade local, com destaque para o então governador do Estado, Dr. Alberto Maranhão, e o comandante Toscano de Brito, futuro intendente da capital (A REPUBLICA, Natal, 05 dez. 1913. Arnaldo Moura chegou também a ser um colaborador d’A Republica, como vemos em edição desse jornal de 11 abr. 1911.).

E neste tom segue o relatório do coronel Joaquim Manoel, que tratará ainda da iluminação pública, admitindo suas graves deficiências, da remoção de lixo da cidade, das finanças municipais, entre outros aspectos relacionados à administração de Natal. Outras matérias desse período ajudam-nos na compreensão de como andava a gestão da cidade e quais eram os principais projetos da Intendência para a renovação do espaço urbano natalense.

E um desses projetos, que parecia empolgar muitos dos personagens que estudamos, era a construção do jardim público da praça Augusto Severo, citada no relatório do coronel Joaquim Manoel. Sob comando do arquiteto Herculano Ramos, que também projetara o Teatro Carlos Gomes, as obras da praça tiveram continuidade no ano de 1905.

Nessa toada, Elias Souto afirmou que pouco vinha fazendo o coronel Joaquim Manoel na presidência da Intendência, resignando-se a ser um “bom discípulo (DIA a dia. Como elles são… DIARIO DO NATAL, 08 jan. 1905.)” do Dr. Pedro Velho, que mandava e desmandava a seu talante, ancorado no art.º 5º do decreto estadual nº 8/1890, responsável pela criação do Conselho de Intendência Municipal, como vimos. E como bom discípulo, o coronel Joaquim Manoel permaneceu na presidência do Conselho de Intendência até o ano de 1913. A cidade progrediu em alguns aspectos: chegou o bonde, a iluminação elétrica, o Teatro Carlos Gomes passou por uma significativa reforma… Nenhuma dessas obras, porém, foi realizada com verbas do governo municipal, que continuava sem significativa autonomia financeira para gerir seus negócios.

Para a municipalidade, a grande novidade no pleito de 1913 estava na candidatura do Coronel Joaquim Manoel Teixeira de Moura ao cargo de deputado estadual, oficializada em 14 de julho daquele ano, sendo o primeiro nome a aparecer na lista do boletim da Comissão Executiva do Partido Republicano Federal do Rio Grande do Norte. Figurando na Intendência  de Natal desde o ano de 1895, ou seja, ainda em seu primeiro Conselho, à época comandado por Fabrício Gomes Pedrosa, o quase eterno coronel Joaquim Moura, tornara-se presidente da instituição no ano de 1900, mantendo-se à frente da mesma durante treze anos, exercendo o cargo, deste modo, por cinco Conselhos consecutivos

FONTE – FATOS E FOTOS DE NATAL ANTIGA

JOAQUIM MANOEL TEIXEIRA DE MOURA

  Coronel Joaquim Manoel Teixeira de Moura (1898 a 1909) foi um dos intendentes de Natal , Estado do Rio Grande do Norte , que mais tempo oc...